Benefícios vs. Gestão de Riscos Psicossociais: Quais as diferenças na Saúde Mental no trabalho?

Com a crescente conscientização sobre a saúde mental no ambiente de trabalho, muitas empresas estão implementando diferentes tipos de iniciativas para apoiar o bem-estar dos seus trabalhadores.

Por Ana Carolina Peuker

Com a crescente conscientização sobre a saúde mental no ambiente de trabalho, muitas empresas estão implementando diferentes tipos de iniciativas para apoiar o bem-estar dos seus trabalhadores. No entanto, é fundamental compreender a distinção entre “benefícios” e “gestão de riscos”, pois esses conceitos, embora inter-relacionados, desempenham papéis diferentes e complementares na criação de um ambiente de trabalho saudável.

Benefícios: Apoio ao bem-estar

Benefícios são medidas que visam oferecer suporte e alívio para a saúde mental dos trabalhadores. Eles são importantes para promover um ambiente de trabalho mais positivo e ajudar a lidar com o estresse e outros desafios. Entre os benefícios mais comuns, podemos citar:

  • Serviços de terapia e aconselhamento, muitas vezes, são oferecidos por meio de um “ticket terapia”. Este benefício fornece suporte psicológico acessível, mas não aborda necessariamente os fatores que causam estresse no local de trabalho.
  • Atividades de Bem-Estar: Oferecer atividades como yoga, meditação, ou grupos de apoio pode promover um ambiente mais equilibrado e melhorar a moral dos trabalhadores. Essas iniciativas ajudam a reduzir o estresse e promovem o bem-estar geral, mas são medidas complementares e não substituem uma abordagem sistemática para a gestão de riscos.
  • Flexibilidade no trabalho: Políticas que permitem horários flexíveis ou trabalho remoto podem reduzir o estresse e melhorar o equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Embora essas medidas contribuam para a saúde mental, elas não resolvem problemas estruturais ou sistêmicos dentro da organização.

Gestão de Riscos Psicossociais: Abordagem técnica da área de saúde e segurança ocupacional e sistêmica

Por outro lado, a gestão de riscos é uma abordagem altamente técnica que faz parte da área de saúde e segurança ocupacional e estratégica que envolve identificar, avaliar e controlar os riscos que podem impactar a saúde mental dos trabalhadores. É um processo mais amplo e sistemático que inclui:

  • Identificação de fatores de riscos psicossociais: Envolve a análise detalhada do ambiente de trabalho para identificar fatores que podem causar estresse, como sobrecarga de trabalho, assédio, falta de apoio, e condições de trabalho adversas. 
  • Avaliação e controle: Uma vez identificados, esses riscos precisam ser avaliados quanto à sua gravidade e probabilidade de ocorrência. A gestão de riscos inclui a implementação de controles e medidas corretivas para mitigar esses riscos, como a revisão das cargas de trabalho ou a melhoria da comunicação e suporte entre as equipes.
  • Monitoramento e revisão contínua: A gestão de riscos não é um processo estático. Requer monitoramento contínuo e ajustes baseados em mudanças nas condições de trabalho e no feedback dos trabalhadores. Isso garante que as medidas adotadas sejam eficazes e que novos riscos sejam identificados e abordados de forma proativa.

Por que entender essa diferença é importante?

Compreender a diferença entre benefícios (ex. “Ticket terapia”) e a gestão de riscos é essencial para implementar uma abordagem eficaz para a saúde mental no trabalho. Benefícios são úteis para oferecer apoio imediato e promover um ambiente mais saudável, mas eles não substituem a necessidade de uma abordagem técnica e estruturada para lidar com a gestão de fatores de riscos psicossociais.

A gestão de riscos, por outro lado, é fundamental para abordar as causas subjacentes do estresse e garantir um ambiente de trabalho seguro e saudável. Enquanto os benefícios ajudam a aliviar o estresse, a gestão de riscos busca eliminar ou reduzir as fontes de estresse, criando uma base sólida para o bem-estar dos trabalhadores.

Para uma abordagem custo efetiva à saúde mental no trabalho, é fundamental combinar benefícios que favoreçam o bem-estar imediato com uma gestão de riscos que trata das causas estruturais do estresse. Essa combinação não apenas ajuda a promover um ambiente de trabalho positivo, mas também garante que as medidas adotadas sejam sustentáveis e eficazes a longo prazo. Por isso, ao desenvolver a estratégia para a saúde mental em sua empresa, não se limite a oferecer benefícios. Invista também em uma gestão de riscos robusta e técnica, que garanta a segurança e o bem-estar contínuo dos seus trabalhadores. Ah! E mais uma vantagem: estar em conformidade com a nova redação da NR 1 do MTE

Veja mais

De ações soltas à soluções estratégicas: Como a Avax.ai está revolucionando a gestão de saúde mental nas empresas

Nos últimos anos, a saúde mental deixou de ser um tema periférico para se tornar uma prioridade estratégica nas organizações. No entanto, muitas empresas ainda dependem de ações isoladas, como palestras motivacionais, benefícios corporativos ou eventos pontuais, que acabam por não resolver os problemas estruturais ligados ao sofrimento psíquico no trabalho. Em contrapartida, a Avax.ai surge como uma solução inovadora, unindo tecnologia, ciência e estratégia para transformar a forma como as empresas gerenciam os riscos psicossociais.

Burnout: Um novo olhar da OMS e as implicações para a economia e as empresas

Desde 1º de janeiro de 2025, o burnout é oficialmente reconhecido na Classificação Internacional de Doenças (CID-11) como um fenômeno relacionado ao trabalho. Essa atualização da Organização Mundial da Saúde (OMS) vai além de um ajuste técnico: é uma mudança que impacta diretamente a forma como as organizações e a economia lidam com a saúde mental no ambiente corporativo.

Você sabia que 78% dos trabalhadores brasileiros enfrentam estresse significativo?

A Bee Touch revelou dados impactantes sobre os riscos psicossociais no trabalho, incluindo os efeitos da hiperconectividade e da sobrecarga emocional. Você já parou para pensar como a dependência digital, a falta de autonomia e a ausência de políticas de desconexão estão interferindo na saúde mental no ambiente corporativo? Confira o artigo completo e saiba […]