Gestão de riscos psicossociais: Além das escalas, a necessidade de um método integrado
A gestão de riscos psicossociais no ambiente de trabalho tem ganhado espaço nas discussões corporativas, mas ainda enfrenta desafios significativos em sua implementação. Um dos principais entraves é a predominância de ferramentas que, apesar de validadas e traduzidas para o Brasil, se distanciam da realidade das empresas. Questionários longos, linguagem excessivamente acadêmica e abordagens limitadas […]

A gestão de riscos psicossociais no ambiente de trabalho tem ganhado espaço nas discussões corporativas, mas ainda enfrenta desafios significativos em sua implementação. Um dos principais entraves é a predominância de ferramentas que, apesar de validadas e traduzidas para o Brasil, se distanciam da realidade das empresas. Questionários longos, linguagem excessivamente acadêmica e abordagens limitadas à patogênese acabam tornando essas soluções pouco eficazes para a gestão organizacional.
Essa lacuna evidencia a necessidade de um método, e não apenas de uma escala. Métodos como o Avax foram desenvolvidos justamente para superar essas barreiras, oferecendo uma abordagem que integra diferentes aspectos do trabalho e da subjetividade dos trabalhadores sem cair na armadilha da simplificação excessiva. Em vez de apenas medir riscos de forma isolada, um método estruturado possibilita a identificação, avaliação e intervenção, garantindo um processo contínuo e estratégico para a organização.
O desafio da “subjetividade” dos fatores de riscos psicossociais
Um argumento frequentemente utilizado contra a implementação de metodologias eficazes de avaliação de riscos psicossociais é a suposta “subjetividade” do fenômeno. De fato, aspectos como estresse, carga emocional e relações interpessoais podem parecer difíceis de quantificar, mas essa percepção decorre da falta de competência técnica e conhecimento sobre o constructo.
A psicologia do trabalho e das organizações já desenvolveu modelos robustos para entender os impactos dos riscos psicossociais, e a incorporação de metodologias validadas – mas adaptadas ao contexto corporativo – é essencial. O problema não está na subjetividade do risco, mas na falta de capacitação de muitas empresas e profissionais para traduzi-lo em dados mensuráveis e estratégias acionáveis.
O papel dos psicólogos e das equipes multidisciplinares
Para que a gestão de riscos psicossociais seja eficaz, é indispensável a atuação de psicólogos integrados a equipes multidisciplinares. Somente com um olhar técnico e fundamentado será possível evitar abordagens simplistas ou generalistas, que reforçam a confusão sobre o tema e impedem avanços concretos. Além disso, a participação da psicologia na elaboração e implementação de estratégias organizacionais possibilita uma intervenção contextualizada, alinhada às necessidades reais dos trabalhadores e das empresas.
Nesse sentido, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) tem avançado na regulamentação da atuação da psicologia no campo dos riscos psicossociais. As resoluções produzidas pelo Grupo de Trabalho (GT) sobre a temática são um importante referencial para profissionais que desejam atuar com rigor técnico e ético na área.
Conclusão
A avaliação e a gestão de riscos psicossociais não podem ser tratadas como um checklist ou como um problema isolado do RH. Exigem um método consistente, uma equipe capacitada e um compromisso com a compreensão aprofundada dos fenômenos psicossociais no ambiente de trabalho.
Sem isso, o cenário atual de confusão e subestimação da complexidade do tema continuará, trazendo prejuízos tanto para as empresas quanto para os trabalhadores. Assim, o desafio não é apenas mensurar riscos, mas integrá-los a um modelo estratégico de gestão organizacional que promova ambientes de trabalho mais saudáveis e produtivos.
Link para as resoluções produzidas pelo Grupo de Trabalho: https://site.cfp.org.br/gt-de-trabalho-gestao-e-saude-psicossocial-do-cfp-da-inicio-as-atividades/