Mais um teste de maturidade para NR-1
A NR-1 foi adiada. Agora, o capítulo que trata do Gerenciamento de Riscos Ocupacionais só passa a valer, oficialmente, em maio de 2026.

No papel, parece que ganhamos tempo. Na prática, o tempo só vale para quem sabe o que fazer com ele. Porque não é a primeira vez que uma norma chega antes da cultura que a sustenta.
Quando isso acontece, empresas se movimentam para “cumprir”, mas poucas se perguntam: faz sentido? Estamos preparados para fazer bem feito?
A verdade é que parte do mercado ainda responde a essas mudanças com o velho script: esperar a última hora, contratar soluções de prateleira, montar comitês apressados. É o improviso como política de gestão.
Só que esse capítulo da NR-1 não fala de burocracia. Fala de gente, fala de risco sistêmico, fala de responsabilidade empresarial real.
Fala de algo que, quando ignorado, custa caro: adoecimento, afastamentos, perda de produtividade, reputação comprometida.
Não é a norma que atrasa. É o entendimento do que ela simboliza. Afinal, diversos outros dispositivos já trazem essa obrigatoriedade, inclusive, a Constituição Federal.
Essa prorrogação não é alívio. É convite à responsabilidade. É a última curva antes do declive. Se usada com inteligência, pode ser o início de uma virada:
- Diagnósticos que revelam e não escondem a poeira para baixo do tapete;
- Lideranças que sabem escutar antes de decidir;
- Dados que guiam a ação e não apenas a narrativa bonita;
- Estratégias que fazem da saúde mental um ativo e não um risco jurídico.
Faltam 11 meses. Parece muito. Para quem realmente quer realmente transformar uma cultura, é pouco.
O mercado vai se dividir, mais uma vez, entre quem espera o prazo vencer e quem decide evoluir antes que o impacto chegue. Remediar ou transformar? Essa escolha, mais do que nunca, dirá quem é quem enquanto negócio.
Ana Carolina Peuker
Psicóloga, PhD
CEO da Bee Touch