A ampliação da NR 1 e a realidade da saúde mental no trabalho: Uma reflexão necessária

Recentemente, a ampliação da NR 1 gerou debates acalorados, muitos a consideram um exemplo de “excesso de regulamentação”. Mas, se pararmos para refletir, é hora de enxergar além dessa visão estreita. O que a legislação realmente traz para nossas organizações? O que ela propõe é simplesmente garantir que, em um mundo tão acelerado, tomemos decisões […]

Por Ana Carolina Peuker

Recentemente, a ampliação da NR 1 gerou debates acalorados, muitos a consideram um exemplo de “excesso de regulamentação”. Mas, se pararmos para refletir, é hora de enxergar além dessa visão estreita. O que a legislação realmente traz para nossas organizações? O que ela propõe é simplesmente garantir que, em um mundo tão acelerado, tomemos decisões informadas sobre a saúde mental dos trabalhadores, através de um sistema de gestão de riscos psicossociais.

Vamos imaginar uma situação cotidiana: você percebe que o nível de estresse na equipe aumentou e que a rotatividade de funcionários está em alta. Em vez de investir em um aplicativo caro de meditação ou contratar uma consultoria especializada, por que não investigar a raiz do problema? Muitas vezes, a solução pode estar na forma como nos comunicamos, na cultura que cultivamos ou até mesmo na carga de trabalho que impomos. Um simples ajuste pode fazer toda a diferença.

Além disso, é fundamental lembrarmos que muitos programas de saúde mental são implementados sem uma avaliação crítica de sua eficácia. Quantas vezes não já vimos iniciativas que se tornaram um mero cumprimento de tabela, apenas para constar na apresentação do relatório anual? É hora de fazermos uma pausa e refletirmos sobre o que realmente está funcionando e o que é apenas uma linha em um documento.

Por exemplo, considere uma empresa que decidiu implementar um programa de bem-estar. Após um ano, a equipe realizou uma pesquisa interna e percebeu que a maioria dos trabalhadores não usava as sessões de yoga oferecidas, pois os horários não eram compatíveis. Em vez de continuar investindo em algo que não traz resultados, por que não ajustar as propostas às reais necessidades da equipe? Isso é o que significa adotar uma prática baseada em evidências.

Outro aspecto que não podemos esquecer é o poder da melhoria contínua. Após a implementação inicial de uma intervenção, temos a chance de ajustar e refinar nossa abordagem com base no feedback. Imagine se uma nova política de trabalho remoto fosse implementada, mas ninguém a revisasse após os primeiros meses. Com o tempo, ajustes simples podem tornar uma política mediana em uma estratégia robusta que realmente atende às necessidades da equipe.

No entanto, o verdadeiro desafio que enfrentamos é o diagnóstico adequado dos problemas de saúde mental. É tentador olhar apenas para os sintomas, como o aumento do burnout ou as altas taxas de absenteísmo. Mas, isso é apenas a superfície de um grande iceberg. Precisamos ir mais fundo. Por que as pessoas estão se sentindo assim? Quais são as causas raízes? Muitas vezes, é mais fácil ignorar essas questões e esperar que uma “solução mágica” surja.

A legislação em saúde mental, como a ampliação da NR 1, é uma oportunidade de transformarmos nossas práticas e repensarmos nossas abordagens. É um convite à reflexão e à ação. Em vez de resistir, que tal incorporar essa mudança e utilizá-la como uma ferramenta para promover um ambiente de trabalho mais saudável e seguro?

Precisamos nos comprometer em compreender melhor os problemas que afetam as equipes e implementar intervenções que realmente façam a diferença. A saúde mental no trabalho não é apenas uma responsabilidade legal, mas uma oportunidade de cuidar das pessoas que fazem as organizações prosperarem. Ao fazermos isso, não apenas cumprimos com nossas obrigações, mas também criamos um espaço onde todos podem se sentir valorizados, pertencentes e engajados. Afinal, uma cultura de trabalho saudável é um elemento central do sucesso coletivo.

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