Bem-estar passa a ocupar o centro das estratégias organizacionais
A transformação do mundo do trabalho leva as organizações a repensar prioridades, colocando a saúde mental e o bem-estar humano no epicentro de suas agendas estratégicas. Conforme apresentado no painel “Saúde mental e bem-estar: Valor estratégico para organizações”, promovido pelo Tecnopuc durante o evento Tecnopuc Experience, é cada vez mais claro que a produtividade — […]
A transformação do mundo do trabalho leva as organizações a repensar prioridades, colocando a saúde mental e o bem-estar humano no epicentro de suas agendas estratégicas. Conforme apresentado no painel “Saúde mental e bem-estar: Valor estratégico para organizações”, promovido pelo Tecnopuc durante o evento Tecnopuc Experience, é cada vez mais claro que a produtividade — embora ainda relevante já não pode ser o único motor organizacional.
A psicóloga e pesquisadora do trabalho Ana Carolina Peuker, coordenadora da naturalização da norma ISO 45003 no Brasil pela ABNT/CEE 10, destacou que antes, a produtividade organizava o mundo do trabalho. Hoje, é a saúde mental que começa a definir o futuro dos negócios.
Segundo Peuker, não se trata apenas de oferecer “vale-terapia” ou criar horários flexíveis como medidas isoladas, mas de realizar diagnósticos precisos — avaliando riscos psicossociais, promovendo ambientes verdadeiramente saudáveis e construindo sistemas que sustentem a energia humana nas organizações.
No painel, também trouxe contribuições relevantes a diretora de Marketing e Novos Negócios da Able, Sthefany Barbosa, ao afirmar que, em contact centers — ambientes historicamente de alta demanda — a formulação de um atendimento realmente humanizado passa por “respeito às individualidades e singularidades”.
E a liderança? A professora e Head de Diversidade, Equidade e Inclusão para as Américas na ThoughtWorks, Grazi Mendes, lembrou que “uma liderança corajosa prefere time mais diverso porque tem diferentes perspectivas”. Segundo ela, “a ausência de diversidade é falha de design” — uma reflexão que conecta bem-estar, governança e performance.
O diretor da Mercur S.A., Breno Renato Strüssmann, trouxe para o debate o cuidado com o pilar econômico das organizações, mesmo diante da mudança de foco para o humano. Ele apontou que “pensar mais nas necessidades atendidas do que na receita, não esquecendo o pilar econômico” é condição para inovar em empresas com mais de cem anos.
Por que isso importa:
- Dados do INSS indicam que 68% dos afastamentos no Brasil em 2023 e 2024 ocorreram por adoecimento mental;
- Inserir a saúde mental como eixo estratégico das organizações significa agir antes que ocorra o dano, quebrar silos disciplinares e estruturar políticas de governança que integrem bem-estar, segurança psicológica, diversidade e modelo de trabalho;
- A frase “o futuro será de quem preservar a energia humana” resume o novo paradigma para negócios que desejam não apenas sobreviver, mas prosperar.
Para as organizações que desejam avançar, algumas pistas de ação:
- Avaliação sistemática dos riscos psicossociais no trabalho, além dos riscos tradicionais de saúde e segurança.
- Desenvolvimento de lideranças que compreendam a humanização do trabalho e fomentem diversidade e pertencimento.
- Alta direção com protagonismo claro: se o bem-estar não for patrocinado pela liderança, dificilmente será integrado ao plano estratégico;
- Utilização de indicadores que monitorem a saúde mental, o engajamento e o risco psicossocial como parte da governança;
- Cultura organizacional que valorize propósito, o legado e a interconexão entre o trabalho, o ser humano e a sociedade.
Este movimento reafirma que a saúde mental e o bem-estar deixaram de ser temas periféricos para se tornarem centrais à diferença competitiva e à sustentabilidade das organizações.
Veja a matéria da Tecnopuc: https://tecnopuc.pucrs.br/bem-estar-passa-a-ocupar-o-centro-das-estrategias-organizacionais/
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