O alerta do “Overworking” na cultura corporativa

O overworking prejudica a saúde física e mental. Empresas devem promover equilíbrio entre vida e trabalho, oferecer suporte psicológico e valorizar o bem-estar dos colaboradores acima do excesso de horas trabalhadas.

Por Ana Carolina Peuker

O dilema do overworking

Imagine a cena: o expediente está chegando ao fim. Você passou horas concentrado em um projeto, e mesmo com o cansaço acumulado, sente a pressão de continuar mais um pouco para terminar. Surge, então, o dilema: cumprir o prazo ou atender à necessidade de descanso e recuperação? A maioria de nós já se viu em uma situação parecida. Esse é o fenômeno do “overworking”, ou excesso de trabalho crônico, uma prática que se torna cada vez mais comum.

O custo da jornada prolongada

Para muitos, a resposta é continuar trabalhando. Estender o horário se tornou quase um estilo de vida, onde horas a mais são vistas como sinônimo de dedicação e comprometimento. Mas será que já paramos para refletir sobre o custo dessa prática? Dados indicam que jornadas longas e intensas, mesmo esporádicas, afetam profundamente a saúde. Não se trata apenas de um cansaço passageiro que um fim de semana pode resolver, mas de um acúmulo de efeitos sobre o corpo e a mente.

A falta de limites entre trabalho e vida pessoal

A falta de limites claros entre trabalho e vida pessoal gera consequências que vão além do físico. Problemas como insônia, ansiedade e estresse se somam ao risco de esgotamento, ou burnout, tornando-se cada vez mais frequentes em uma sociedade que parece não desacelerar. O trabalho remoto, que poderia ser uma solução para mais flexibilidade, muitas vezes amplia a jornada e invade o tempo de descanso.

Uma cultura de disponibilidade constante

Mas, essa questão vai além da carga horária. Trata-se de uma cultura que, muitas vezes, normaliza a expectativa de que o trabalhador esteja sempre disponível. Esse ambiente, onde o equilíbrio entre vida e trabalho é secundário, torna difícil para o colaborador “desligar-se” e respeitar seus próprios limites. Como sociedade, precisamos reconsiderar essa postura.

Além da regulamentação: Questões sutis

Regulamentar o horário de trabalho é um começo, mas não resolve tudo. Existem questões sutis envolvidas, como o receio de perder o emprego, a pressão para demonstrar comprometimento e a falta de segurança para comunicar seus próprios limites sem julgamentos. Nossa relação com o trabalho precisa ser ajustada para que possamos preservar nossa saúde física e mental.

O papel das empresas na mudança

Para transformar esse cenário, as empresas precisam rever suas práticas. Repensar políticas para incentivar um ritmo de trabalho saudável, abrir um espaço de diálogo com os funcionários e oferecer suporte psicológico são passos fundamentais. Além disso, criar espaços de descanso, promover flexibilidade nas atividades e incentivar conversas abertas sobre saúde mental podem fazer uma diferença real na vida dos colaboradores.

Redefinindo o sucesso empresarial

No fim das contas, o “overworking” não é sinal de produtividade eficiente, mas sim um alerta para repensarmos a nossa cultura de trabalho. O verdadeiro sucesso de uma empresa não reside na quantidade de horas trabalhadas, mas na capacidade de construir um ambiente onde cada pessoa possa dar o melhor que pode sem abrir mão de si mesmo(a).

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